Nos últimos anos, os animes isekai (aquele gênero em que o protagonista é transportado para outro mundo) se tornaram praticamente onipresentes. De histórias épicas com enredos profundos a comédias mais leves, o formato conquistou o público e se transformou em uma das fórmulas de maior sucesso da indústria. Mas será que esse excesso está desgastando o gênero?
O que fez os isekais serem tão populares?
O apelo inicial foi fácil de entender:
- Fantasia escapista – quem nunca sonhou em ser transportado para um mundo cheio de magia, poderes e aventuras?
- Identificação – os protagonistas costumam ser pessoas comuns, o que facilita a imersão do público.
- Mistura de gêneros – os isekais podem ser ação, romance, comédia ou até slice of life, sem perder a identidade.
Quando bem feitos, eles entregam mundos ricos e tramas que exploram tanto o crescimento pessoal quanto o impacto de um novo ambiente.
O problema da repetição
O sucesso trouxe também um efeito colateral: quantidade acima da qualidade.
Muitos títulos parecem seguir a mesma fórmula básica:
- Protagonista morre de forma banal (ou simplesmente é “invocado”);
- Renascimento com poderes exagerados;
- Formação de haréns ou relacionamentos superficiais;
- Estruturas de RPG (níveis, status, inventário).
Essa repetição dá a sensação de que vários estúdios estão apenas tentando surfar na onda, sem se preocupar em inovar. Alguns animes acabam soando como cópias genéricas, com pouquíssima identidade própria.
O problema da repetição: um olhar sobre In Another World With My Smartphone
Aqui entra um exemplo emblemático do que muitos consideram fórmula cansativa: In Another World With My Smartphone.
- O protagonista morre de forma casual e é transportado para outro mundo com poderes quase ilimitados.
- Ele rapidamente se torna extremamente competente, sem grandes desafios ou desenvolvimento real.
- A história se concentra em aventuras leves e em formar relações com múltiplas personagens femininas, seguindo o padrão de harém.
Ainda existem boas exceções
Apesar do excesso, o gênero ainda oferece pérolas. Algumas produções conseguem se destacar ao explorar temas diferentes, seja pelo humor inteligente, pela crítica social ou pela construção de mundos mais complexos. Isso mostra que o isekai não precisa ser descartado — só precisa de criatividade e ousadia.
A moda está passando?
É verdade que a enxurrada de isekais genéricos já cansou parte do público. Porém, o gênero ainda tem força. Assim como aconteceu com os animes de mecha ou com os shounens de batalha, o isekai provavelmente não vai desaparecer, mas sim se estabilizar. Ou seja: sairá da fase de “superprodução desenfreada” e ficará apenas nas mãos de obras que realmente trazem algo novo.
Conclusão
O isekai não precisa morrer — ele só precisa amadurecer. Cabe aos criadores abandonar a zona de conforto e entregar histórias que surpreendam, em vez de apostar apenas em fórmulas prontas. Enquanto isso não acontece, vamos continuar vendo uma mistura de obras inesquecíveis e animes que parecem feitos apenas para ocupar espaço na temporada.